sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A CRIANÇA E A ARTE

(Texto publicado originalmente no livro "Arteterapia com Crianças" de Vanessa Coutinho - WAK Editora)









          Desde o nascimento, temos forte necessidade de nos expressar. A princípio, guiados pelo instinto de sobrevivência e, com o passar do tempo, por uma infinidade de outras razões. Expressar, comunicar, relacionar são verbos que a humanidade busca desde seus primórdios, e o bebê, desde seus primeiros momentos.
     
          O brincar é uma das mais claras formas que a criança tem de livre expressão, e inúmeros foram e são os cientistas do comportamento que se dedicaram ao estudo da brincadeira das crianças. Segundo Read, o termo que melhor traduz o oposto de espontâneo é contido. Dessa forma, se alguém se expressa espontaneamente, se expressa sem contenção, realizando externamenteuma vontade ou atividade interna.

          Existem discussões que buscam apontar se o brincar seria uma forma de arte ou a arte seria uma forma de brincar. Não entrarei nesse mérito, uma vez que considero suficiente que saibamos serem ambos, o brincar e a arte, formas de expressão possíveis de serem utilizadas pelas crianças.

          Ao pintar, desenhar, modelar, a criança se encontra diante de múltiplas possibilidades criativas, explorando os materiais, o que se constitui em uma atividade enriquecedora, que combina e aguça todos os sentidos. Não há necessidade de "ensinar" a criança. Ela deverá ter tempo para entrar em contato com o material, experimentar, tentar,ousar, vivenciar.

          Cabe ao adulto acompanhar este processo para que a experiência seja segura (se a criança estiver na fase de desenvolvimento em que leva os objetos à boca, a tinta oferecida deverá ser comestível, por exemplo), estimulando as crianças, aceitando suas produções sem julgamentos de natureza estética, sem apontar "erros" ou "equívocos", pois aquela é a sua possibilidade de registro afetivo, de externalização de seu mundo interior. A partir daí, sempre respeitando as possibilidades de elaboração características da idade e do momento cognitivo em que se encontre a criança, o processo segue naturalmente, com a conversa sobre a produção e os afetos despertados pela vivência.

3 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, maravilhoso!
    Tenho o livro, lindo!
    Beijo!

    Márcia Aguiar

    ResponderExcluir
  2. Vida longa ao blog e que venham novos livros. LH

    ResponderExcluir
  3. Márcia, Luiz
    Muito bom ter vocês aqui,participando desse espaço construído com tanto carinho.
    Bj!

    ResponderExcluir