sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ARTE-EDUCAÇÃO E INCLUSÃO
(Texto publicado originalmente no livro "Arteterapia com Crianças" de Vanessa Coutinho - WAK editora)

          O interesse pela educação, com ênfase em educação de portadores de necessidades especiais, fez nascer esse ensaio. Além do citado interesse, a crença de que uma das faces perversas deste sistema sócio-econômico recai justamente sobre a educação. Vende-se a idéia de que, por meio dela, qualquer sujeito poderá galgar os degraus da ascensão social. Se isto não se constitui em uma mentira, parece claro que também não representa uma verdade.
          O que dizer então daquele que possui alguma diferença, uma marca peculiar que o torna necessitado de uma atenção específica, de um tempo próprio para que os processos se deem? Como será para eles, a experiência de criar um vínculo positivo que os estimule a continuar sua formação? Esta é uma questão fundamental, principalmente quando se leva em conta que a educação não é entretenimento e sim um dos fundamentos de formação da cidadania de um povo.



                



          Como garantir a escolha de um local mais adequado para o estudante portador de necessidades especiais, com métodos pedagógicos adaptados e profissionais preparados para acolher sua demanda? Como evitar que a educação inclusiva se torne uma prática de segregação e estigmatização, prejudicando o vínculo do aprendente com a instituição escola e o processo ensino-aprendizagem?
          Quando matriculadas em escolas, regulares ou não, é preciso que haja uma preocupação redobrada no que diz respeito ao corpo técnico e à metodologia, para que as crianças portadoras de necessidades especiais não reforcem em si a sensação de falta, de não pertinência. É preciso atenção para que se evite que ela construa sua percepção pessoal como sendo um sujeito incapaz. (...)
          Sabe-se que o processo de aprendizagem necessita do estabelecimento de um vínculo positivo para se dar, além de ser absolutamente necessário que o aprendiz deseje aprender. Naturalmente que, neste momento delicado, o fato de ter de travar lutas interiores de autopercepção e autoaceitação de suas diferenças pode funcionar como um fator dificultador da criação deste vínculo. A arte, por suas características libertadoras e organizadoras, pode se constituir em uma excelente trilha para que a escolarização dos portadores de diferenças (e dos não portadores também), se dê de forma mais prazerosa, respeitando potencialidades únicas e tempos próprios, em uma construção que é singular para cada aluno.
         E você, o que acha? Opine. Depois continuamos este papo...


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