Xangô, rei dos iorubás, foi capturado por seus inimigos, que o prenderam em um casebre sem nenhuma abertura, para que ali morresse de fome e sede.
Sentado no chão, o rei observou a presença de um camundongo e pensou:
- Pegando este animal, poderei comê-lo e, dessa maneira, adiar a minha morte.
Com um movimento rápido, conseguiu pegar o animalzinho com suas mãos.
O rei já se preparava para matar o pequenino, quando refletiu:
- Para que sacrificar este bichinho inocente se, de qualquer forma, mais cedo ou mais tarde, vou morrer de fome?
E assim pensando, libertou o assustado camundongo que, correndo, desapareceu em um pequeno buraco no canto da parede.
Momentos depois, o rato estava de volta e, para surpresa do rei, falou as seguintes palavras:
- Nobre rei de bondoso coração! Meu nome é Larinká e eu lhe presto homenagem por sua bondade e por seu bom caráter! Por ter poupado minha vida, eu, um pobre rato, vou ajudar a conservar a sua!
Mal acabara de falar essas palavras e, pelo mesmo buraco, começaram a entrar muitos camundongos, cada um trazendo na boca uma pequena fruta, um pedaço de pão, um grão ou qualquer coisa que servisse para matar a fome do prisioneiro.
A cena se repetiu durante muitos dias. Muitos alimentos e pedaços de algodão encharcados em água, trazidos pelos ratos, mantiveram vivo o bondoso rei.
Depois de muitos dias, certos de que o prisioneiro já estava morto de fome e sede, seus inimigos abriram a porta. Qual não foi o seu espanto ao encontrarem Xangô vivo e forte, descansando no chão de terra batida.
- Este homem possui uma grande magia - disse o chefe deles. - Como alguém pode sobreviver tanto tempo sem água e comida?
- Não podemos matar um homem que tem tantos poderes! - disse um outro.
- Devemos soltá-lo imediatamente, antes que use seus poderes contra nós... - disse um terceiro.
Imediatamente abriram por completo a porta, para que o rei saísse em liberdade, e ofereceram-lhe uma canoa para que pudesse seguir rumo ao seu país, que ficava rio abaixo.
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