sábado, 18 de dezembro de 2010

COMPLEXO

Após concluir seu curso de Medicina, Jung passou a ocupar um posto
no Hospital Psiquiátrico Burgholzli, em Zurique, cujo diretor era Eugen Bleuler. Bleuler desenvolvia experiências de associação, nas quais Jung logo tomou parte como experimentador. Essas experiências consistiam em uma lista de palavras, denominadas “indutoras”. O sujeito examinado deveria responder a cada uma delas com uma outra palavra, a “palavra induzida”. O tempo de resposta era medido por um cronômetro (“tempo de reação”).

          “O experimentador permanece sempre atento aos vários incidentes que possam ocorrer no curso da experiência. Os tempos de reação variam muito, ora são breves, ora longos. O examinando em vez de responder por uma só palavra responde com uma frase, ou repete a palavra indutora, hesita, ri, reage pela mesma palavra a diferentes palavras, enrubesce, transpira, etc.”
(SILVEIRA, 1974, p. 31)

          Jung se interessou justamente por estas reações, que, segundo sua visão, sugeriam que a palavra indutora atingia um “conteúdo emocional” inconsciente, que seria um “complexo ideo-afetivo”.
          No caso dos sujeitos psicóticos, parecia impossível a utilização de experiências de associação. Jung, porém, passou a utilizar como palavras indutoras os neologismos e as estereotipias dos pacientes, comprovando assim a existência, nos esquizofrênicos, de complexos semelhantes aos dos sujeitos neuróticos e dos sujeitos ditos normais.
          Embora o método de associação não seja mais utilizado pelos analistas junguianos, ainda pode ser um bom modo experimental de demonstrar a existência e a atuação dos complexos, ajudando na compreensão dos mecanismos psíquicos inconscientes.
          Quem primeiro empregou o termo “complexo” foi Jung, sendo que, hoje, o mesmo é amplamente utilizado, dentro e fora dos círculos analíticos. É muito comum afirmar-se que alguém tem um complexo (de inferioridade, de superioridade, etc), mas, na realidade, é o complexo que nos possui, no sentido em que interfere diretamente em nossa vida consciente.

          “Os complexos são agrupamentos de conteúdos psíquicos carregados de afetividade. Compõem-se primariamente de um núcleo possuidor de intensa carga afetiva. Secundariamente estabelecem-se associações com outros elementos afins, cuja coesão em torno do núcleo é mantida pelo afeto comum a seus elementos. Formam-se assim verdadeiras unidades vivas, capazes de existência autônoma. Segundo a força de sua carga energética, o complexo torna-se um ímã para todo fenômeno psíquico que ocorra ao alcance de seu campo de atuação.” (SILVEIRA, 1974, p.35)

Nenhum comentário:

Postar um comentário