domingo, 12 de maio de 2013

Psicologia e Cinema

Amor

Por Vanessa Coutinho

   "Amor" ( "Amour", Michael Haneke, 2012) traz para nossa reflexão a história do casal de professores de piano Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emanuelle Riva).
   O filme se passa quase inteiramente dentro do apartamento do casal de idosos, e isso ajuda a simbolizar o estreitamento daquelas duas vidas, que têm os limites de seu universo cada vez menores.
   Anne desenvolve uma doença degenerativa que, com o decorrer do tempo, traz uma impossibilidade de se locomover, se alimentar, controlar necessidades fisiológicas e até mesmo se comunicar, pois seu discurso vai perdendo o sentido lógico, até tornar-se uma combinação de palavras aparentemente colhidas ao acaso.
   Pouquíssimas pessoas vão ao apartamento do casal, as visitas são esparsas, o que aumenta a compreensão do grau de solidão, em especial daquele homem, que precisa cuidar da sua companheira, que vai se tornando um ser inteiramente diferente daquela mulher outrora bela e interessante. O cuidado é incansável, e o quadro, claramente irreversível, com crises de desespero e dor.
   Acompanhamos o avanço da doença de Anne de forma explícita, escancarada. O avanço do colapso emocional de Georges, ao contrário, vai se dando de forma sutil, velada, porém, não menos devastador.
   O filme é, a um só tempo, triste e poético. Interpretações e direção estão na medida certa para conseguirmos compreender as posturas e atitudes dos personagens, por mais extremas que possam parecer à primeira vista, revelando a humanidade e a verdade presentes em cada gesto.
 
 
 


4 comentários:

  1. Bela abordagem, mas creio que poderia analisar com maior profundidade o universo, um tanto restrito, do casal. Restrito na etapa retratada, mas creio bastante rico a ponto de sustentar aquele presente cinza.Se não for pedir demais...

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  2. Sem dúvida o filme nos sugere que a vida do casal tenha sido rica e amorosa, o que, como você crê, seria fundamental para que aquele momento delicado pudesse se sustentar, ao menos até o ponto em que Georges o suportou. Após a dimensão trágica com que "resolve" o sofrimento de Anne, pode "reencontrar-se" com ela em sua forma mais plena, pois o registro da companheira como era antes se manteve o tempo todo como o ponto fundamental a dirigir seus esforços.

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  3. Entendo e não discordo, no entanto o que se vê é a parte mais pragmática da relação. Lógico que os aspectos subjetivos têm imensa influência nisso. No entanto me fiz a pergunta que agora faço a você: quanto de amor e quanto de resignação envolve o casal, sobretudo a Georges.

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  4. Olá,
    Recomendei seu blog, no meu...
    realmente muito interessante!!
    Sou Psicóloga Clínica, e apaixonada por arte, tenho queirido esrever sobre o tema.
    meu blog é oloboemmim.blogspot.com se caso tenha interesse,
    mais uma vez, parabéns!

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