quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Psicologia e Cinema

"Minhas tardes com Margueritte" é um filme bem interessante. Este drama francês de 2010, dirigido por Jean Becker e estrelado por Gérard Depardieu tem inúmeras possibilidades de análise, inúmeros caminhos que podemos trilhar e todos justificam vê-lo. O que mais me atraiu foi a relação entre Germain (Depardieu) e Margueritte (Gisèlle Casadesus) como um atalho para que aquele pudesse ressignificar sua difícil relação com a mãe.
Germain foi fruto de um encontro furtivo entre sua mãe e um jovem, durante uma festa, uma espécie de quermesse. Durante toda a infância sofreu com os comentários e atitudes carregados de desamor vindos dessa mãe. Para piorar sua situação emocional, torna-se desafeto do professor na escola primária e aí... mais humilhações e desrespeito. Germain cresce como um típico homem bom e ingênuo, ainda encontrando "amigos" que riem de sua falta de cultura e educação. Mas tem uma namorada que o ama, o que, de certa forma, o ajuda a sentir-se melhor.
Sua mãe, agora idosa, continua a tratá-lo com o mesmo desamor, o mesmo desrespeito, e Germain vai morar em um trailler no quintal.
Uma tarde, por acaso, conhece Margueritte, uma senhora de mais de noventa anos, educada, culta, amante de Literatura, com quem passa a manter conversas todas as tardes, enquanto observa os pombos na praça. Durante essas conversas, Margueritte vai trazendo Germain para o universo dos livros e da Filosofia, sem se preocupar com seu jeito e eventuais comentários indelicados que ele possa fazer sem perceber.
Com a relação com Margueritte, Germain consegue se fortalecer o suficiente para rever a história com a mãe, inclusive podendo lamentar sua perda e descobrir que ela havia, afinal, lhe deixado uma herança material, o que, certamente, sem esse novo vínculo afetivo com uma figura materna positiva, não seria possível sequer compreender.



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