quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

CALÚNIA E DIFAMAÇÃO

Dia desses, conheci uma criança vítima de calúnia e difamação. Uma criança de cinco anos. Sim, ela era a maior vítima de uma história de horror criada por adultos, vizinhos de sua casa. Esses vizinhos começaram a plantar pelos arredores que esta menina sofria abusos sexuais e maus tratos, sem que houvesse absolutamente nenhuma prova disto. O adulto acusado tomou suas providências, indo à polícia, disposto a passar por todos os exames necessários para demonstrar o absurdo da situação, mas, a maior vítima, afirmo, foi a menina de cinco anos, idade de minha filha Luísa. Uma menina alegre, confiante, feliz, amada, que não demonstrava em seu comportamento o menor indício de sofrer qualquer espécie de violência. Uma criança que pode vir a ficar com uma marca em seu psiquismo, pela irresponsabilidade de adultos que, alheios a tudo isso, podem dizer que tudo fizeram por amor à infância "desvalida", mesmo sem ter provas de que algo ilícito acontecia.
Claro que é impossível deixar de lembrar do caso da Escola Base, nos anos noventa, cujos donos e alguns funcionários foram acusados de pedofilia contra alunos de quatro anos. Os investigadores deixaram vazar a informação, a imprensa veiculou e... a escola foi depedrada, destruída, assim como a vida dos acusados. É fundamental ressaltar que na época e até hoje, NENHUMA PROVA jamais foi encontrada de que estas práticas de abuso realmente ocorressem. Nenhuma prova...
Fica aqui uma reflexão. O que pode uma palavra de horror, uma palavra de mentira, uma palavra de irresponsabilidade contra vidas que ficam aprisionadas em um enredo absurdo, onde as maiores vítimas são as crianças que, sozinhas, de nada podem se defender?
Fica aqui um apelo: que possamos ter o cuidado com aquilo que sai de nossas bocas, que pode ser veneno maior do que o que nelas entra.
Os acusados da Escola Base ao menos hoje entram na justiça contra o Estado e contra as poderosíssimas redes da rádio e televisão. Ganham, e devem mesmo ganhar, indenizações milionárias. E a família da menina de que falo nesta crônica da maldade? Talvez vejam seus algozes pagarem uma ou duas cestas básicas, e depois sairem ilesos pelas ruas onde, naturalmente, algumas das pessoas envenenadas por falsos testemunhos acreditarão no que ouviram. E uma criança feliz foi exposta em troco de absolutamente nada... Nenhuma prova...

3 comentários:

  1. Há inclusive um ótimo livro sobre o caso Escola-Base (não lembro o autor), que é realmente ilustrativo desse tipo de comportamento.

    A mídia tem hoje um poder desigual (essa mesma mídia que diz que vivemos num mundo democrático), e está sempre louca por algum escândalo pra denegrir a vida de alguém.

    Por isso, hoje mais do que nunca é preciso rediscutir diariamente questões como o cuidado com a intimidade e com acusações levianas. Todo cuidado é pouco, porque pode sempre ter um jornalista por perto...

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  2. Pois é,Marcelo...
    Se vc lembrar o autor,ou alguma indicação sobre o livro, não deixe de informar, porque esse caso é emblemático, mas pequenas e perversas destruições de vidas podem estar acontecendo a todo instante, bem ao nosso lado...

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  3. O livro é "Caso Escola Base - os abusos da imprensa" de Alex Ribeiro - ed. ática

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