sábado, 13 de abril de 2013

Gerald e Nicole

Por Vanessa Coutinho

   Não assisto ao programa "Pânico na TV". É o tipo de "humor" (!) que não me agrada, nem me faz rir. Ao contrário, me causa náuseas. Porém, não pude deixar de me contaminar por uma imagem que apareceu bastante na mídia nos últimos dias. O diretor de teatro Gerald Thomas colocando a mão por dentro do vestido de Nicole Bahls. Na minha opinião, a imagem é chocante, e deixa claro que ela não autorizou tal investida. Gerald disse que foi uma brincadeira, foi divertido, que o povo do programa não achou nada demais e que Nicole tem postura de mulher-objeto. Hein????? Pára tudo!!!!! Se uma mulher está de roupa curta ela está querendo que lhe enfiem a mão dentro do vestido? 2013, século XXI, palavras ditas por alguém que se considera um formador de opinião, parte da camada intelectual da sociedade? Cena deplorável que vai ao ar em um programa de TV que, infelizmente, tem boa audiência, em especial entre o público jovem? Meu Deus!!!!!!! Onde estão aqueles que têm visibilidade para esclarecer que este sujeito está TOTALMENTE equivocado? Não sei quem é Nicole Bahls, mas, por mim pode ser quem for e fazer o que quer que seja. Ainda comemoramos a Lei Maria da Penha, como um passo importante no respeito às mulheres em nosso país, e essa cena absurda acontece. Realmente, é o pânico na TV.
 


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Psicologia e Literatura

Por Vanessa Coutinho

   "Max e os Felinos", de Moacyr Scliar, é um livro cuja segunda parte fala do jovem Max, que naufraga e fica num pequeno bote na companhia de um jaguar. Esta obra foi escrita antes de "As Aventuras de Pi", de Yann Martel (livro que inspirou o filme homônimo).
   Martel não só relutou muito antes de assumir que havia se inspirado no livro de Scliar como desmereceu o trabalho do brasileiro. Fica o registro.



Psicologia e Cinema

Por Vanessa Coutinho




   Reza a lenda que Carlos Drummond de Andrade tirou zero em uma prova sobre sua obra. Suas interpretações foram todas consideradas incorretas. Em geral, ao interpretarmos algo, falamos de nós, muito mais do que do autor.
   Ao assistir o filme "As aventuras de Pi", muitas coisas nos chamam a atenção. Como todos sabem, esse filme conta a história de um jovem náufrago que fica à deriva num bote salva-vidas na companhia de um tigre de bengala.
   Há uma cena em que vemos Pi lutando contra a tempestade que levou o navio em que estava ao fundo do oceano. Em seu bote, uma zebra de pata quebrada, uma hiena, um orangotango e, claro, o tigre. A hiena mata zebra e o orangotango e, finalmente, é morta pelo tigre. E assim, Pi segue com o felino infinitos dias através do mar.
   No fim do filme, Pi declara que a presença do tigre o salvou, o ajudou a manter-se vivo em seus dias de profundo desespero. Afinal, aquele não era qualquer tigre, mas sim, o mais poderoso dos animais do antigo zoológico de seu pai, morto no naufrágio.
   Ouvimos então, uma segunda versão dos fatos, onde é possível compreender que a zebra representaria um simpático marinheiro budista; o orangotango, a mãe de Pi; a hiena, o cozinheiro asqueroso e amoral, e, o tigre, o próprio Pi. Assim, quando ele narra suas aventuras no bote, na verdade estaria sozinho, seu aspecto humano-racional aparecendo como ele mesmo, e seu instinto surgindo personificado no tigre, que o fez resistir por tanto tempo sem sucumbir. Pi e o tigre, dois aspectos do mesmo ser.
   Ao chegar à costa do México, o tigre desaparece sem deixar rastros. Prestes a ser acolhido e salvo, Pi podia reconstituir-se numa só imagem. Seu tigre interior já havia cumprido sua função...